"Quando um sindicato do crime convence um Estado poderoso a concordar ou cooperar com suas negociatas, tem em mãos a senha mágica para a gruta dos tesouros de Aladim. Porque não existe organização criminosa mais bem-sucedida do que a que conta com apoio estatal", diz Misha Glenny a certa altura de McMáfia. O livro, de certa forma, é a comprovação cabal e a ilustração sistemática dessa afirmação.
O crime organizado, que cresceu e se ramificou em todo o mundo a partir do colapso do comunismo soviético e da liberalização geral dos mercados, chega a movimentar cerca de 20% do PIB global, e conta quase sempre com algum grau de participação do poder político e dos detentores "legais" do capital.
Essa relação entre os governos, o capital e a ilegalidade pode ser simbiótica, como no caso do Estado-gângster da Transnístria, fronteiriço com a Moldávia e a Ucrânia, responsável por um intenso tráfico de armas russas para os teatros de guerra do mundo.Mas o conluio pode ser mais sutil e insuspeitado, como no exemplo da atuação da yakuza (a máfia japonesa) como coadjuvante de governantes e MCMÁFIA Crime sem fronteiras Misha Glenny empresários no boom imobiliário japonês da década passada.
O autor realizou três anos de pesquisas e investigações em todos os continentes para mapear a proliferação das redes criminosas mundo afora e apresenta dados estarrecedores sobre ações ilícitas que vão desde o tráfico de mulheres russas para Israel até os crimes eletrônicos perpetrados em países como o Brasil e a Nigéria, das rotas do narcotráfico ao contrabando de petróleo, diamantes ou caviar.
Narrado de forma envolvente, com a história sendo contada em grande parte por seus próprios personagens "policiais, criminosos, vítimas", McMáfia pode ser lido como um eletrizante romance policial. Com a aterradora diferença de que aqui o sangue e a violência são reais.
Veja o livro no googlebooks!Não deixe de assistir:
Sem Fronteiras (Globo News) entrevista Misha Glenny
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