3 de fevereiro de 2012 | 11h05
Nayara Fraga
O site do Banco Central ficou fora do ar na manhã desta sexta-feira, 3. “Escolhemos um alvo de testes antes, só para calibrar nossas armas: http://www.bcb.gov.br”, disse o perfil do grupo hacker Anonymous Brasil (@AnonBRNews) no Twitter, por volta das 10h. “Apenas um teste rápido.”
Depois, foi a vez do Citibank e do Panamericano serem retirados do ar. A reportagem tentou acessar os sites dos bancos às 11h44 e não conseguiu. O grupo hacker Anonymous Brasil assume a autoria:
Às 12h17, o grupo informou ter atacado também o site do banco BMG. A reportagem confirmou que a esse horário a página realmente estava fora do ar. “Sim, hoje todos irão bailar um pouquinho! O http://www.bancobmg.com.br acabou de entrar na dança! TANGO…”, disse o @AnonBRNewsno Twitter. Cerca de 40 minutos depois, foi a vez da Febraban: ”Ohttp://www.febraban.org.br se uniu aos amigos lá no fundo do mar! Este ficará de castigo por um bom tempo!”, afirmou. Às 12h49, a página estava inacessível. Por volta das 15h, o grupou atacou o site da credenciadora de cartões de crédito Cielo. A páginawww.cielo.com.br ficou fora do ar nesse horário.
A ação dá sequência a uma série de ataques a sites de bancos ocorridos nesta semana. De segunda-feira até hoje, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e HSBC tiveram os sites retirados do ar. O movimento é chamado pelos hackers de #OpWeeksPayment, algo como “operação da semana de pagamento”, por esta ser a semana em que os salários são pagos.
O Banco Central afirma, por meio de sua assessoria, que houve uma sobrecarga de acessos ao site, o que provocou lentidão para abertura de páginas durante alguns minutos. “Não foram afetados os sistemas ou transações do banco”, diz. O Banco BMG também informa que sofreu uma sobrecarga de acessos no site. “O BMG ressalta que a segurança operacional não foi afetada e que o endereço eletrônico já está operando normalmente.”
As assessorias de Citibank, Panamericano e Febraban não retornaram o contato da reportagem até às 15h.
Afetar a população
Em entrevista ao Estado (parte gravada em áudio e outra por e-mail), um hacker que assina como Bile Day diz que o objetivo dos ataques é afetar a popolução, “que é muito acomodada”. Os ataques da semana anterior — a sites vinculados a governos — não sutiram muito efeito, segundo o hacker. “Irão nos conhecer pelo amor ou pela dor”, diz no áudio.
Falando em nome do Anti-Security Brazilian Team (@AntiSecBrTeam), o hacker diz que quem espalha a ideia do movimento Anonymous no País são, além dele, os grupos @iPiratesGroup, @LulzSecBrazil e @AnonBRNews. “Nós nos posicionamos contra corrupção, desigualdade e etc…”, disse por e-mail.
O grupo hacker Anonymous nasceu no âmbito internacional e ocupa o noticiário com frequência desde 2011, quando invadiu a PlayStation Network, do console da Sony, e atacou sites de governos e grandes instituições, como a Central de Inteligência Americana (CIA). Nos últimos dias, o grupo atacou alguns sites em protesto aos projetos de lei antipirataria americanos e ao fechamento do site de compartilhamento Megaupload.
Como é feito o ataque
Em geral, usa-se o método da distribuição de ataque por negação do serviço (DDoS, na sigla em inglês) para tirar um site do ar. Assim, bombardeia-se uma página com milhões de acesso simultâneos até que ele fique lento e inacessível. Isso pode ser feito por meio de inúmeros computadores infectados, que poderiam ser programados para acessar um site ao mesmo tempo, ou pela invasão em grandes servidores.
Nesse tipo de ataque, a intenção não é roubar dados ou dinheiro de usuários ou correntistas de bancos. “Não somos crackers (hackers que cometem crimes), não usamos nosso conhecimento para roubar dinheiro. Em nossos ataques deixamos apenas o site inacessível”, disse Bile Day ao Estado.
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