A organização Human Rights Watch denunciou, num relatório divulgado esta terça-feira,
que dezenas de crianças somalis — a maioria entre os 14 e os 17 anos, algumas
com menos de dez anos — raptadas nos últimos dois anos estão a ser forçadas a
combater ao lado dos islamitas do Al-Shabab, que controla diversas regiões do
centro e do sul do país.
De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos, os rapazes
são enviados para a linha da frente para servirem como escudo e protegerem os
combatentes adultos e as raparigas são usadas como esposas dos membros da
Al-Shabab.
«Durante os últimos dois anos, a Al-Shabab aumentou a força nos raptos
de crianças, não apenas das suas casas, mas também das escolas e dos recreios»,
afirmou Laetitia Bader, da HRW, à BBC.
De acordo com o relatório da Human Rights Watch, a que a estação
britânica acedeu, mais de 70 crianças descreveram a forma como classes inteiras
de crianças foram raptadas das escolas e conduzidas a campos de treino da
organização fundamentalista, onde a maioria passou três meses e onde eram
usadas como trabalhadores domésticos e ensinadas a usar armas, como as AK-47, e
granadas de mão.
As crianças, sustenta o relatório, são também sujeitas a diversos
abusos, nomeadamente a assistirem ao assassínio de pessoas consideradas
inimigas da Al-Shabab.
O ano passado, a organização islamita foi expulsa da capital do país,
Mogadishu, pelo governo com a ajuda de forças aliadas da NATO.
Porém, o executivo de transição tem sido criticado por não estar a fazer
o suficiente para erradicar o problema.
De acordo com alguns analistas, a posição militar da Al-Shabab foi
enfraquecida por ações recentes das tropas da União Africana, do Quénia e da
Etiópia.
Em marcha para restabelecer a estabilidade na Somália está um plano
diplomático e, de acordo com a BBC, o governo britânico promove esta quinta-feira
uma conferência, em Londres, para discutir uma solução política para o
problema.
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