DOHA - O governo federal prepara uma campanha nacional de prevenção ao terrorismo por conta da realização de grandes eventos esportivos nos próximos anos: a Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016). Comerciais na TV e cartilhas a serem distribuídas entre a população incluindo nas escolas irão orientar a todos a a comunicarem a polícia qualquer movimentação atípica em suas vizinhanças. A campanha deverá ter o apoio de patrocinadores da Fifa para a confecção do material. Nesta quinta-feira, em Doha, durante a 2ª Conferência Internacional para o Esporte Seguro, diretor de Operações da Secretaria Nacional de Grandes Eventos do Ministério da Justiça , Luiz Cruz, fechou uma parceria para o projeto com o Instituto de Investigação Inter-Regional de Crime e Justiça das Nações Unidas (Unicri) por intermédio da Organização dos Estados Americanos (OEA).
- Nosso foco principal está no combate ao crime comum. Mas grandes eventos servem de estímulos para ações que temos que prevenir em um regime de cooperação internacional. Isso se aplica não apenas ao terrorismo como também para se preparar para conviver com eventuais protestos devido a visibilidade dos eventos. Claro que podem haver manifestações pacíficas como as relacionadas ao meio ambiente ou direitos trabalhistas que serão permitidas dentro de certos limites - disse Luiz Cruz.
As bases do acordo com a Unicri devem ser formalizadas nas próximas semanas. O coordenador de programas da Secretaria de Segurança Multidimensional da OEA, Pablo Martinez, explicou que a entidade poderá colaborar com o envio de especialistas internacionais em segurança para o treinamento de brasileiros.
Luiz Cruz acrescentou que a campanha irá se estender a outras medidas para evitar confrontos entre torcidas organizadas dentro e fora dos estádios na Copa das Confederações e na Copa do Mundo. Não está descartado por exemplo, a participação de grandes estrelas do futebol como Messi e Cristiano Ronaldo divulgando mensagens de paz no esporte. Luiz Cruz explicou que os detalhes do projeto ainda estão sendo fechados para discussão no Conselho de Ministros e análise da presidente Dilma Rousseff. Mas que a intenção é que a campanha seja feita em todo o país mesmo nas cidades e estados que eventualmente não recebam a Copa das Confederações ou o mundial de 2014.
O diretor de Operações acrescentou que o Brasil terá a disposição uma espécie de ''banco de ameaças'' desenvolvido em conjunto por autoridades de inteligência de diversos países via Interpol e atualizado com dados coletados pelos serviços de inteligência inglês do MI-5 e MI-6 para os Jogos Olímpicos de 2012. E a partir deles, realizar ações preventivas. Já para a Copa das Confederações será montado um Centro de Cooperação Internacional no Riocentro onde agentes de todo o mundo vão monitorar o evento. O mesmo modelo será repetido na Copa do Mundo de 2014 mas sofrerá mudanças para os Jogos Olímpicos de 2016 que terá unidades de segurança descentralizadas nas instalações esportivas.
- O que a experiência já demonstrou é que precisamos ter equipes mobilizadas para a segurança do evento e para atender a rotina da população. Constamos isso durante o 45º Mundial de Tiro Mliitar (novembro de 2010) que serviu de preparativos para os Jogos Mundiais Militares (2011). Na época, tivemos que remanejar efetivos que cuidavam da segurança do evento para conter uma ação de traficantes que queimavam veículos pela cidade - contou Luiz Cruz.
A Secretaria Nacional de Grandes Eventos também vai atuar na 28ª Jornada Mundial da Juventude que será em julho de 2013, no Rio, cerca de um mês após a Copa das Confederações. Nesse caso entre os objetivos será detectar com antecedência manifestações de intolerância religiosa ou contra a homofobia, por exemplo. Uma parceria com os bombeiros será fechada para que eles visitem os locais que receberão esse público avaliando qual a capacidade máxima dos locais de hospedagem oferecidos como casas e paróquias.
Os riscos do terrorismo e outras ações ilegais em megaeventos estiveram entre os assuntos principais dos dois dias do congresso, encerrado na tarde desta quinta-feira, em Doha. O presidente da Interpol, Khoo Boon Hui, destacou a preocupação também com a ação de hackers e grupos criminosos locais:
- Os países emergentes estão se tornando agora os centros de grandes eventos. E podem vir a se tornar alvos com isso. Eles podem trabalhar na prevenção com base em modelos já existentes através da cooperação internacional. Mas adaptanado os conhecimentos as realidades locais - disse Boon Hui.
Segundo o diretor da Interpol apenas durante os Jogos Olímpicos de Pequim, oito atentados terroristas foram impedidos pelos mais de 90 mil agentes de segurança que atuavam nos estádios, ruas, metrô e aeroportos. Mas em 2009 expllicou Boon Hui, grupos ligados ao crime organizado conseguiram detornar duas das seis bombas que armaram em protestos que exigiam a transferência da cidade onde o evento seria realizado.
- O grande desafio para as autoridades é que com a internet está cada vez mais difícil reunir evidências sobre esses grupos e agir - disse Boon Hui.
O repórter viajou a convite da organização do evento. (O Globo )
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