Condenado a 24 anos por associação ao tráfico de drogas, ele hoje se diz ‘duro’ e vive num quarto e sala em Ipanema
RIO - Na manhã de 12 de fevereiro de 1999, uma sexta-feira de carnaval, o brasileiro Ronald Soares Jr. foi preso num hotel quatro estrelas em Londres, por fazer parte de uma quadrilha que movimentou três toneladas de cocaína na Inglaterra. Ele chegou a arquitetar uma fuga pela janela, mas desistiu logo que observou o pelotão envolvido em sua captura. Eram homens da Customs and Excise, órgão criado no século XVII para combater o contrabando de uísque pirata. Os agentes foram direto ao ponto e perguntaram se o suspeito tinha drogas ou armas.
— Não tenho armas, mas tenho drogas. No bolso do casaco tem uma pedrinha de haxixe — assumiu, quase irônico, o economista.
Não era o que os policiais buscavam. Eles revistaram o quarto, encontraram 18 mil libras e US$ 10 mil, e deram voz de prisão ao brasileiro. Começava ali a desarticulação de uma das pontas da conexão Colômbia-Caribe-Inglaterra, que movimentava uma tonelada de cocaína e 20 milhões de libras por ano.
— Na hora pensei: 'Que cagada.' Era a minha última vez. Estava com mulher, filhos e cachorro me esperando no Rio. Voltaria para casa em 20 dias. Acabei ficando sete anos — lembra ele, 13 anos depois de sua prisão, num quarto e sala alugado de 60 metros quadrados, sempre cheirando a incenso, num prédio sem elevador em Ipanema.
Aos 61 anos, contas acertadas com a Justiça e quase zeradas no banco (“Agora sou um duro”, afirma), Ronald se prepara para o lançamento, no mês que vem, do livro “Tudo ou nada” (Nova Fronteira), escrito por Luiz Eduardo Soares, que conta suas andanças pelo submundo do tráfico internacional de drogas. O nome dele não é Johnny, mas já negocia os direitos para que sua vida vire filme.
O passado transgressor de Ronald rendeu mais de 300 páginas em ritmo de thriller. Um contraste com a vida quase pacata que o ex-operador da Bolsa de Valores leva hoje. Acorda todos os dias às 6h, pega o 2016 (Castelo-Mandala) na Praia de Ipanema e chega ao Centro antes das 8h. Desde que entrou em condicional no Brasil, em 2008, ele se sustenta como vendedor de cabos para navios na Cordoaria São Leopoldo, que tem uma salinha no número 10 da Rua da Assembleia. No fim de semana, gosta de ir para Búzios, sempre acompanhado. No último ano, teve duas namoradas e alguns casos. No mais, costuma andar de bicicleta por aí, de bermuda, camiseta e chinelo.
O visual é bem mais casual que o terno que vestia quando incorporava o “executivo do tráfico”, disfarçado com barba, para pegar o avião do Rio para Londres, onde tinha um apartamento alugado na nobre South Kensington e era vizinho do Victoria and Albert Museum. Não podia levantar suspeitas. Quase sempre carregava uma bolsa de raquete de tênis cheia de dinheiro.
— Não era pago para ficar perto da cocaína. Meu negócio era o dinheiro — conta Ronald, que na operação que culminou em sua prisão ganhou 1,5 milhão de libras (dinheiro que estava num banco e foi apreendido pelo governo inglês).
Nos textos publicados pelos tabloides britânicos após a prisão de Ronald e de outros 14 homens da gangue, o brasileiro tinha sempre o nome antecedido por “the economist”. Mais do que alusão à profissão, era uma forma de explicar sua atuação como representante comercial do Cartel de Cáli. De 1996 a 1999, Ronald usou a expertise dos anos no mercado financeiro para cuidar da tesouraria e a perícia como velejador para escolher barcos e traçar rotas do tráfico.
O esquema funcionava assim: em seu apartamento no Leblon, Ronald esperava um sinal de que a droga havia saído da Colômbia de avião e sido despejada (em pacotes) no mar do Caribe. Ele, então, acionava os barcos (veleiros, iates, cargueiros), que seguiam seus “mapas”. Depois, rumava para Londres de avião (aí entrava em cena o disfarce). In loco, cuidava ainda da logística de recepção, armazenamento e distribuição do material.
Foi o rastreamento desses passos que o levaram a réu no julgamento intitulado “Regina versus Ronald Soares”. Como Regina, leia-se “rainha” (tradução do latim). No tribunal, descobriu que era seguido há meses. A prova derradeira para sua condenação foi um vídeo feito num pub, em que negociava o pagamento de 500 quilos de cocaína com o traficante inglês Brian Wright, o Milkman, chefão da quadrilha preso em 2005.
O economista foi condenado em 2000. Pena: 24 anos. Crime: associação ao tráfico de drogas. Quantidade: duas toneladas. Droga: cocaína. Ronald provou que conspirou “apenas” para o tráfico de duas das três toneladas da acusação inicial. Ainda recebeu uma multa de 76 milhões de libras, jamais quitada:
— Fui posto como cabeça. Eu não chegava a ser um nada, mas também não era tudo.
Nos quatro primeiros anos de reclusão, Ronald pagou pelo crime numa solitária de seis metros quadrados. Isso porque armou uma fuga cinematográfica, com direito a helicóptero. O plano foi frustrado por uma senhora inglesa que percebeu a movimentação enquanto tomava seu chá:
— Virei o preso mais perigoso da Inglaterra. O terror psicológico foi grande.
Nos três últimos anos no Reino Unido, conquistou o direito de conviver com outros detentos, fez amizade com integrantes do IRA, o Exército Republicano Irlandês, e ganhou alguns campeonatos de squash.
— Para quem jogou frescobol a vida inteira, ganhar dos ingleses foi mole. Garanti o cigarro no esporte — lembra ele, que fuma dois maços de Marlboro por dia.
Por carta, acompanhou a luta da filha, Anuska, por sua transferência para uma prisão brasileira. Então estagiária do BNDES, ela insistiu tanto que o governo brasileiro topou pedir por Ronald.
— Claro que tive raiva, vontade de bater e xingar meu pai. Mas nem por isso deixei de ficar centrada. Acima de tudo, é meu pai — diz Anuska, 34 anos.
Quando Ronald foi preso, ela tinha 21 anos e um namorado do Bope, a tropa de elite da Polícia Militar. Anuska acreditava que o pai estava na Europa fazendo uma consultoria financeira e sofreu um baque quando recebeu a Polícia Federal no apartamento do Leblon. Hoje, ela é recém-casada com um policial civil:
— Freud deve explicar.
A devoção pelo pai foi recompensada em 2006: Ronald foi o primeiro brasileiro preso na Inglaterra a ser “transferido” com base num tratado entre Reino Unido e Brasil.
— Foi um dos dias mais felizes da minha vida — lembra ele. — A volta foi quase perfeita: estava crente que ia entrar num avião da Varig e tomar guaraná. Mas descobri que a Varig nem existia mais. Voltei de British Airways, e ainda tomando Pepsi.
Ronald cumpriu 12 anos da pena, pois teve direito a progressão do regime por bom comportamento. Da asséptica prisão inglesa, ele foi apresentado à realidade do cárcere carioca em Bangu, após escala na Polinter. No primeiro dia, acordou com o corpo picado por percevejos. Ao sair da cela que dividia com mais 60, tropeçou nos porcos e gansos que o diretor da unidade criava entre os detentos.
— Me sentia numa fazendinha, com céu azul e bananeiras — lembra, ao explicar que achou Bangu melhor que as penitenciárias inglesas, mesmo tendo testemunhado cenas barras-pesadíssimas por aqui. — Me incomodava muito com os garotos que passavam trote de sequestro-relâmpago 24 horas por dia. Mas achava que ia morrer na Inglaterra, estava radiante aqui.
No primeiro dia do regime semiaberto, Ronald saiu correndo para dar um mergulho no Arpoador, sua praia da vida toda, e contemplar o Morro Dois Irmãos — o único cartão-postal que tinha colado nas paredes das celas por que passou na Inglaterra. Com o bronzeado em dia (“Na prisão, ganhei bolsas nos olhos, mas não desbotei”), teve reencontros casuais, como se nunca tivesse deixado o lugar.
— Sabia onde ele estava “hospedado”, o Arpoador inteiro sabia. Mas um dia ele apareceu e perguntei na maior naturalidade: “Por onde você andava?” Emendamos num longo papo — diz o diretor de fotografia Gustavo Hadba, amigo de longa data.
Depois de tomar banho de mar, antes de terminar as primeiras 12 horas de liberdade, Ronald foi visitar a mãe, Maria Abujamra, ex-professora da tradicional escola de boas maneiras Socila e irmã do diretor de teatro Antônio Abujamra.
— Não passo a mão na cabeça do meu filho, ele fez muita besteira — diz Maria.
Ronald nasceu em novembro de 1950, em São Paulo. Aos 9 anos, mudou-se com a família para o Rio e virou rato de praia em Copacabana, onde adorava pegar jacaré. Bom aluno, estudou no tradicional Colégio Pedro II, “sem nunca ficar em recuperação”, ressalta dona Maria, a mãe. Nos anos 1970, passou para Economia na UFRJ e começou a trabalhar vendendo fundos de investimento de porta em porta. Logo foi contratado para trabalhar na corretora Multiplic (que virou banco), de Ronaldo Cezar Coelho e Antônio José Carneiro, o Bode.
— Sempre fui tarado por dinheiro — lembra ele. — Aos 21 anos, comecei a me sentir o rei do mercado.
No embalo, segundo ele movido apenas a alguns cigarros de maconha, providenciou carruagem, castelo e rainha. Ou quase. Comprou um Alfa Romeo (pagando taxa de 100% de importação), começou a construir uma mansão na Joatinga e marcou casamento com a namorada de 17 anos. Mil convites foram enviados para a cerimônia, que aconteceu com pompa no Outeiro da Glória.
— No dia do meu casamento, trabalhei normalmente, passei em casa para trocar de roupa, em meia hora. Casei de fraque. Eu era um babaca — resume.
Seis meses depois, o império caiu. Enquanto Ronald trabalhava mais de 12 horas por dia, festinhas rolavam soltas no apartamento dos recém-casados, no Leblon. Até que ele descobriu que estava sendo traído pela mulher e pelo melhor amigo. Para a mãe, a desilusão amorosa provocou todos os desvios de conduta na vida do filho.
— Ele era todo certinho e realmente apaixonado pela primeira mulher. A traição mexeu muito com a cabeça do meu filho, que voltou até a ter crises de asma — conta Maria, falando baixinho para Ronald não ouvi-la da cozinha.
Após a traumática separação, Ronald tatuou um escorpião no braço direito, tomou desgosto pelo mercado financeiro e comprou um veleiro chamado Cedrene.
— O barco era pequeno, mas um Rolls-Royce do mar — lembra, nostálgico.
O plano era dar uma volta ao mundo, sem data de retorno. Para a aventura, levou três amigos e uma mala enxuta: uma calça jeans, duas sungas, três bermudas, quatro camisetas, um casaco e chinelos. Os tripulantes só usavam roupas quando precisavam passar pela Capitania dos Portos. A filosofia riponga era: todo mundo nu. Hasteada no mastro, a bandeira do Brasil ganhou as palavras “paz e amor” no lugar de “ordem e progresso”.
Já na Europa, a quinta tripulante embarcou no Cedrene: Ângela Modesto Leal, a nova namorada de Ronald. A família, tradicional, havia mandado Ângela estudar num colégio interno na Suíça. Apaixonada, a moça escreveu uma cartinha pedindo aos pais que parassem de pagar a mensalidade da escola, pois ela ia passear de barco. Nove meses depois, Anuska nasceu, na Martinica.
— Meus pais fizeram a regata Cape Town-Rio na volta — lembra a filha, que foi alfabetizada a bordo.
Quando Anuska ainda usava fraldas, Ângela recebeu, como herança do avô, uma fazenda no Pantanal. Ronald resolveu, então, vender o barco e comprar gado para criar no Mato Grosso do Sul. O Cedrene foi convertido em 3,5 mil cabeças de boi. O negócio deu lucro no início, mas depois começou a gerar problemas demais, e o casal cansou da vida no meio do mato.
— Foi a única vez na vida que andei armado, pois precisava defender a minha família das onças que rondavam nossa casa — lembra.
Encerrada a temporada no Pantanal, o casamento seguiu o mesmo destino. Ronald preferiu voltar para o mar, enquanto Ângela escolheu ficar em porto seguro, no Rio, cuidando da filha. Nesse ínterim, ela pediu ao marido para dar carona para uma amiga francesa, Viviane.
— Voltei para o Caribe com a Viviane, tivemos um filho, o Christophe, e passamos 15 anos juntos — conta Ronald, que ainda era casado com ela quando foi preso (após a condenação do marido, Viviane voltou para a França com o filho; hoje, eles moram em Cannes).
Ronald e Viviane começaram a vida a dois vendendo biquínis e maconha na ilha de St. Barth. O casal comprava mais cannabis do que consumia, e comercializava o excedente.
— A grana que eu tinha juntado no mercado financeiro finalmente acabou, e o dinheiro do tráfico era mais fácil. Vivíamos uma aventura, como piratas no Caribe, mas não tinha bandidagem, nem arma. Metade da grana eu gastava em drogas e champanhe — conta ele, enquanto se balança na rede pendurada no meio de seu apartamento.
O dolce far niente acabou quando a saudade apertou, e Ronald voltou ao Brasil para ficar com a filha — a mãe de Anuska estava passando por problemas de saúde e ela precisava do pai. Era início da década de 1990 e Ronald tentou levar uma vida na cidade. Trabalhou em estaleiros e na captação de recursos para a distribuidora de cinema Lumière.
Nesse período, ficou deprimido e começou a consumir cocaína e heroína. Certa vez, tentou passar a perna num traficante sul-africano, parceiro dos tempos do Caribe, que havia lhe pedido para buscar no porto do Rio um “pacotinho”, como chamavam uma remessa de cocaína. Diante da tentativa de roubo, o “amigo” percebeu que Ronald estava na pior:
— Ele me deu US$ 5 mil e falou: “Ou você compra mais droga e se mata, ou vai me encontrar na África do Sul.” Fui ao encontro dele e passei por uma limpeza profunda, um rehab a seco. Durante três meses, dei muita cabeçada na parede. Emagreci 15 quilos.
A ação foi ardilosa. Sabendo dos conhecimentos náuticos de Ronald, o traficante o convidou para trabalhar na montagem de barcos e fazer a travessia de drogas da conexão Colômbia-Caribe-Inglaterra. Livre da dependência e bom de matemática financeira, o brasileiro logo ganhou status na organização criminosa. Trabalhou no esquema até a manhã de fevereiro em que foi preso.
Comadre de Ronald, a estilista Gilda Midani acompanhou os altos e baixos dessa história. Para ela, a prisão foi mais do que necessária, quase salvadora:
— O Ronald nunca se conformou com a normalidade, sempre foi insaciável. Eu acredito que pessoas como ele buscam instintivamente o exílio. Foram sete anos sabáticos para ele pensar longe de casa. Precisava disso como uma criança precisa de um castigo.
Ronald procurou o antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares para conversar sobre o projeto do livro em 2007, quando ainda vivia em regime semiaberto. De cara, Luiz Eduardo achou que já tinha visto esse filme e quase o despachou. Foi inevitável a comparação com “Meu nome não é Jonnhy”, baseado na história do ex-traficante João Guilherme Estrella, que foi parar no cinema.
— Mas quando o Ronald contou que tinha sido condenado por associação ao tráfico de toneladas de cocaína e sabendo que o Jonnhy teve um envolvimento com seis quilos, já era possível antever a diferença — diz Luiz Eduardo.
Os dois passaram inúmeras tardes conversando no Cervantes, em Copacabana, até que o escritor começou a rascunhar as primeiras linhas, no ano passado. O livro não é uma ficção, mas alguns nomes foram trocados: Ronald, por exemplo, virou Lukas Mello...
— Não existe mocinho nem bandido nessa história. Nenhum ser humano cabe numa só categoria. O Ronald é hiperbólico na capacidade de explorar os potenciais da vida. Superlativo porque a escala em que ele vive é grandiosa. Os erros, então, são maiores. Por isso, a história precisa ser contada e é tão fascinante — ressalta Luiz Eduardo, um dos autores de “Elite da tropa”, que deu origem ao filme “Tropa de elite”.
Nas notas do autor, Luiz justifica seu envolvimento no projeto batendo em algumas convenções sociais: “O argumento de que ele poderia ter sido um lobista da indústria de armas, álcool ou cigarros, sem ter de enfrentar punições judiciais, não o torna menos transgressor e menos suscetível a críticas éticas — apenas mostra quão hipócritas nossas instituições podem ser.”
Um dos títulos provisórios do livro — principal aposta da Nova Fronteira para este ano, com tiragem inicial de 40 mil exemplares — chegou a ser “Utopia embarcada”. Até chegar a “Tudo ou nada”, foram mais meia dúzia. “A era de Aquário virou pó” e “Hóspede da rainha” chegaram perto de ir para a prensa. A cada mudança, Ronald não dormia, tamanha a ansiedade. Os primeiros leitores da obra, ainda no esboço, foram seus amigos do Arpoador Gustavo Hadba e o produtor de cinema Flávio Tambellini, que se animaram a fazer um book trailer para ajudar na divulgação.
— Adoraria fazer um filme da vida do Ronald, mas é um projeto de porte, que precisa de uma coprodução para bancar filmagens no Caribe, na Colômbia, na Inglaterra — observa Tambellini.
Ronald tem mexido os pauzinhos para a história chegar às mãos de Steven Spielberg (a filha de uma amiga foi criada na casa do diretor americano). Por ora, vive a expectativa de passar a limpo sua história através do livro:
— É difícil julgar, com a cabeça que eu tenho hoje, o que fiz no passado. Me sinto responsável por tudo. Estava saindo de um vício grande e, naquela época, achei que estava certo. Mas não faria de novo. Tenho um sentimento de culpa grande pelo que fiz a minha família passar.
Maria, a mãe, o perdoou, mas não vai ler o livro.
— Não tenho problema com a exposição ou vergonha do meu filho. Sou bem resolvida, e nem precisei fazer análise. Mas não vou ler esse livro — afirma.
Ela tem medo de que, depois de ganhar um dinheirinho com a venda dos exemplares, o filho compre um barco: — Mato o Ronald se ele comprar um veleiro... Ou então embarco junto, para tomar conta — ela ameaça.
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