Atualizado em 15 de maio, 2012 - 17:34 (Brasília) 20:34 GMT
Pelo menos três pessoas morreram e 40 ficaram feridas em uma explosão dentro de um ônibus na manhã desta terça-feira na capital da Colômbia, Bogotá. Inicialmente, autoridades de saúde afirmaram que cinco pessoas haviam morrido no atentado. Posteriormente, o governo confirmou três mortes.
O ataque foi direcionado ao ex-ministro do Interior e Justiça da Colômbia, Fernando Londoño, que ficou ferido.
O incidente fez a capital colombiana reviver o clima de tensão dos tempos em que o conflito armado atingia mais diretamente a cidade.
Desde o atentado contra a Rádio Caracol, em agosto de 2010, que feriu mais de 18 pessoas, não havia ocorrido incidente desta magnitude na cidade.
Após a explosão desta terça-feira, o trânsito ficou bastante congestionado, com várias vias fechadas nas redondezas do atentado, no norte de Bogotá.
Aulas suspensas
No início da manhã, um carro-bomba com mais de 146 barras de gel explosivo havia sido desativado pela polícia no centro da cidade. Em outra região, uma moto-bomba também foi desarmada.
Artefatos de fabricação caseira também foram lançados dentro da Universidade Nacional da Colômbia.
No local funcionam vários centros comerciais e bancos, e importantes empresas colombianas têm escritórios na região. Além disso, a Avenida Caracas é uma das principais rotas de ligação entre o sul e o norte da capital colombiana.
As aulas em todas as universidades públicas e privadas foram suspensas pela prefeitura de Bogotá, e duas universidades localizadas perto da região do atentado foram evacuadas.
Colégios próximos também encerraram as aulas mais cedo. O serviço integrado de ônibus de Bogotá, o Transmilênio, passou a funcionar com um plano de emergência.
Além disso, a Prefeitura da cidade proibiu a circulação de motociclistas levando passageiros. Isso porque o autor do atentado fugiu como passageiro de uma moto.
Pânico
A busca de informações por familiares que trabalham na região do atentado ou que estariam se deslocando no momento da explosão se tornou prioridade, o que também congestionou o sistema de telefonia celular e de Internet.
Nas ruas de Bogotá, as pessoas checavam em televisores nas lojas, pelo rádio e internet o que estava acontecendo.
"Eu não quero ver isso de novo. Que coisa triste, a gente não suporta", disse à BBC Brasil o taxista Jorge Eliezer Mejía.
Ele teve de desviar a rota por pelo menos 10 km. "Teve uma época que isso era todo mês. Fazia tempo que isso não acontecia. Mas esse atentado não foi pequeno, não", analisou.
A secretária Juliana Rojas estava sem crédito no celular e fazia fila para usar um serviço de celular ambulante na rua. "Minha irmã trabalha bem perto de lá. Quero saber notícias", contou, apreensiva.
Autoria desconhecida
O governo informou que ainda não reconhece a autoria dos atentados. O presidente Juan Manuel Santos disse que já começaram as investigações e ofereceu recompensa de 500 milhoes de pesos (R$ 500 mil) para quem denunciar os autores.
O general Luis Eduardo Martínez, comandante da Polícia de Bogotá, disse ter evidências "contundentes" de que o ataque foi perpetrado pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
As Farc não se pronunciaram sobre o atentado, mas os eventos ocorreram justo no dia em começa a vigorar na Colômbia o Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos. A guerrilha sempre se manifestou contra este tipo de acordo com o governo americano.
Não há como saber ainda quem são os responsáveis por este atentado dirigido ao ex-ministro Londoño e pelas bombas desarmadas ou lançadas na Universidade Nacional. Ainda assim, o governo colombiano confirmou que Londoño vinha recebendo ameaças por parte das Farc.
Londoño foi ministro durante o governo de Álvaro Uribe. Membro do partido Conservador e muito amigo do ex-presidente, Londoño é colunista do jornal diário El Tiempo e dirige o programa de Rádio "La Hora de la verdade".
Segundo a clínica onde ele está internado, Londoño apresenta traumatismo craniano e encefálico, mas seu estado de saúde é estável e ele não corre risco de morte. O presidente Santos o visitou na tarde de hoje.
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