Os EUA, que possui interesse no combate ao crime transnacional, principalmente nos fornecedores e produtores de cocaína da região, apoiou um "golpe constitucional", porém segundo comentários sob autoria do "narcocoloradismo". Qual seria o próximo passo americano, se dizer traído pelo narcogoverno que apoiou e realizar uma intervenção? A Base de Mariscal Estigarribia é uma cabeça de ponte aérea pronta para prover o desembarque americano... Após a perda do espaço de atuação na Bolívia, o DEA procura uma nova base.
Proporcionando mais assunto para análise dessa situação, o Gen. Fraser, Comandante Sul da FFAA americanas, demonstrou em uma entrevista que a política americana de combate ao cartéis mexicanos que abastecem o mercado americano das drogas está diretamente ligada a sua atuação na América do Sul, junto com a preocupação da expansão das atividades das Farc para Peru e Bolívia, sendo um problema a ser somente pela integração regional.
Perguntado sobre a base americana no Paraguai respondeu que o interesse é combater o crime transnacional. Sobre a atuação de extremistas na TBA mirou no financiamento operado pelo Hizbollah e o Hamas, despreocupado com outras conexões operacionais.
O combate às Farc trouxe como efeito colateral o transbordamento das atividades de narcoguerrilheiros para países vizinhos, como Peru e Bolívia. Isso, associado ao novo poder dos cartéis do tráfico no México, é a maior ameaça à estabilidade na América do Sul hoje.
As palavras são do general Douglas Fraser, que chefia o Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, responsável pela estratégia militar americana ao sul do México. Ele falou à Folha anteontem à noite, antes do incidente com o Super Tucano na Colômbia.
Desde os anos 90, os EUA são os fiadores da política colombiana de combate às Farc, que desarticulou a cadeia de comando do grupo. Mas a questão do narcoterrorismo segue viva na região, como Fraser admite, até porque a atividade no México estimulou novas associações criminosas e rotas de tráfico.
"Nosso foco é esse. O crime traz instabilidade no Caribe e na América Central e pode descer para cá. Como a Colômbia focou nisso, traficantes de lá estão indo para o Peru e a Bolívia. É um problema que nenhum país pode resolver sozinho", afirma o general de 59 anos.
PARAGUAI
Preocupado com a influência de Hugo Chávez na região, Fraser aplaudiu a reação dos militares paraguaios à aproximação da Venezuela durante o processo que levou ao impeachment do presidente Fernando Lugo em junho.
"O apoio dos militares foi à Constituição, e não a uma posição política. É uma mensagem muito forte", disse. Ele ressalvou que falava a partir de relatos indiretos.
A aprovação americana ao impeachment, visto como antidemocrático por vizinhos como o Brasil, causou as usuais suspeitas nos governos à esquerda da região.
O tema da cessão aos EUA de uma base aérea no Paraguai voltou à tona. "Não há isso", diz Fraser. A base de Mariscal Estigarribia teve presença americana na década passada, para treinamento.
Mas o general é dúbio quando perguntado sobre o interesse americano. "Interessa para todos nós combater o crime transnacional."
Já o terrorismo islâmico na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai é minimizado.
"Minha preocupação com a ação do Irã aqui é a presença do Hizbollah libanês e do Hamas palestino [aliados de Teerã]. Mas não vi indicação de conexão operacional na região. O Hizbollah está envolvido com atividades ilícitas para financiamento. Isso pode mudar? Pode, por isso ficamos de olho neles", diz.
O general esteve discretamente no Brasil para discutir vigilância regional e visitou a Embraer, que quer vender Super Tucanos aos EUA e é parceira da Boeing, que visa fornecer caças ao Brasil.
A revisão da doutrina militar americana em janeiro mirou no Pacífico, visando a China. Então o hemisfério Sul será secundário, e a Quarta Frota naval recriada em 2008 pode ser desativada? "Nosso engajamento não vai mudar."
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