PARIS/MOGADÍSCIO , 12 Jan (Reuters) - Um membro da inteligência francesa que era feito refém na Somália desde 2009 foi morto com pelo menos um outro soldado durante uma fracassada tentativa de resgate por tropas francesas na noite de sexta-feira, informou neste sábado o Ministério da Defesa da França.
Mas o grupo insurgente Harakat Al-Shabaab Al-Mujahideen, que tinha Denis Allex como prisioneiro, informou em comunicado que ele ainda está vivo e foi levado a um local longe da base onde helicópteros militares franceses realizaram o ataque à noite.
Os insurgentes, que são ligados à Al Qaeda, também disseram que estão com um soldado francês ferido.
Ambos os lados descreveram um intenso tiroteio durante a ação no país do "Chifre da África", que segundo a França foi realizada pela agência de Inteligência DGSE, para a qual Allex trabalhava.
O Ministério da Defesa da França informou que 17 combatentes somalis foram mortos durante a ação, que ocorreu no mesmo dia em que a França realizou ataques aéreos contra rebeldes ligados à Al Qaeda em Mali, no oeste africano.
"Diante da intransigência por parte dos terroristas, que se negavam a negociar por três anos e meio e estavam mantendo Denis Allex em condições desumanas, uma operação foi planejada e realizada", afirmou o Ministério.
"Durante o ataque, violentos combates aconteceram. Denis Allex foi morto por seus captores e, ao tentar libertar seu parceiro, dois soldados perderam suas vidas."
Depois, o governo disse em uma coletiva de imprensa que um soldado foi morto e outro está desaparecido.
Allex foi um dos dois agentes da DGSE que foram sequestrados pelo Al Shabaab em Mogadíscio em julho de 2009, mas um deles, Marc Aubriere, escapou um mês depois. Allex era prisioneiro desde então.
Autoridades em Bula Mareer, uma cidade a cerca de 120 quilômetros de Mogadíscio, disseram que a operação ocorreu nas primeiras horas do sábado.
"Helicópteros atacaram Al Shabaab às 2 horas da madrugada. Dois civis morreram no tiroteio", afirmou à Reuters Ahmed Omar Mohamed, vice-presidente da região da Baixa Shabelle.
Uma autoridade de Al Shabaab, que pediu para não ser identificada, afirmou que houve troca de tiros com soldados franceses.
"Soldados desceram de três helicópteros franceses. Trocamos tiros", afirmou a autoridade à Reuters.
O ministério relatou que, no dia em que Allex foi sequestrado, estava realizando uma operação de ajuda humanitária oficial com o governo somali. No passado, a França informou que os dois agentes estavam na capital da Somália para treinar forças locais.
Após a captura do membro da inteligência francesa, o Al Shabaab emitiu uma série de exigências, incluindo o fim do apoio francês ao governo somali e a retirada das tropas de manutenção de paz da União Africana, cujos 17.600 soldados ajudam a combater os rebeldes.
Um vídeo de Allex pedindo para que o presidente francês, François Hollande, negociasse sua soltura e sua vida foi publicado em outubro em um website usado por grupos islâmicos de todo o mundo. A Reuters não pôde verificar a autenticidade das imagens.
Hollande afirmou na época que o governo estava tentando iniciar conversas com qualquer grupo que pudesse facilitar a libertação do agente.
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