Jihad na Europa: Diagnóstico e ilusões de ótica
(Traduzido por Marcelo Pasqualetti*)
• Em primeiro lugar, a realidade na Europa e na França: o que é realmente Terrorismo hoje no nosso continente?
Constatamos o quase desaparecimento do terrorismo organizado (na forma de Bin Laden/Al Qaeda, IRA ou ETA). Assim, não há mais ataques em jihadistas na Europa, a partir de grupos organizados desde 2009.
Esquecidos os “tornados midiáticos”, essa evolução do terrorismo na Europa revelado pela única fonte inquestionável, o Relatório de Tendências sobre Terrorismo - TE-SAT 2014 Europol, que compila todas as estatísticas oficiais dos 28 Estados membros da União Europeia. Eis o balanço para todo o ano de 2013:
• Terrorismo jihadista islâmico na Europa: zero atentados
• Terrorsimo neo-fascista ou nazista Europa: zero atentados
• Toda a Europa, excluindo a França e o Reino Unido (Ulster): SETE atentados e tentativas.
No total - 28 países, 500 milhões de pessoas - 91 ataques ou tentativas para TODA UNIÃO EUROPÉIA (UE), sendo 58 na França (na verdade, na Córsega). Então ± 0.0000002 atentados ou tentativas, por ano, por cidadão, na UE. Isso é o que devemos em primeiro lugar considerar friamente, antes de ceder às emoções do momento.
• Mehdi Nemmouche: mídias evocam sucessivamente casos isolados, os famosos "lobos solitários" ou " redes islâmicas”, denominações bastante contraditórias. Como diferenciar bem as coisas?
Restam os crimes de psicóticos, de desequilibrados como Mohamed Merah e Abdelkarim Dekhar. Pelo que sabemos, Mehdi Nemmouche é um clone de Merah: menino perturbado de infância patética, um bandido buscando sua salvação em um quase delírio "religioso" - equivalente "espiritual" de um mergulho no alcoolismo ou nas drogas.
Mas há dois anos, a DCRI, hoje DSGI, procura em vão por uma "rede" em torno Merah: todos os seus amigos, mesmo distante, foram interrogados e liberados, pois a “rede” não existe. A partir do caso Merah, o DCRI/DGSI está demonstrando incompetência face a esses híbridos, bandidos e fanáticos a impulsos terroristas. No caso deles, sem “rede”, mas uma "ilusão para muitos", como dizem os psiquiatras: um “visionário” que aproxima em sua fantasia alguém próximo, um irmão, mãe ou irmã. Ou talvez em total solidão. Para Nemmouche, o futuro no dirá - talvez.
• A mídia diz que devemos vigiar estes "milhares" de "terroristas em potencial". De um ponto de vista logístico e orçamentário, é plausível?
A "mídia", realmente ... Faz tempo que não há uma investigação mais aprofundada, mas que apenas - por trás de uma "rebelião" fictício anárquico - copia o que obedientemente é repassado pela inteligência interior (doméstica)[1]. Mas esta história de um tsunami de terroristas retornando da Síria ou de outro lugar, não se sustenta.
Prova: um recente inquérito oficial britânico, muito detalhado, sobre partidas e retornos da Síria de muhadistas britânicos, mostra que a maioria (60% a 70%), são delinquentes, pequenos ou grandes, não de proselitismo Islâmico navegando mesquitas pelos países. Em seu retorno, quase todos eles ex-mujahedin retorna apenas a sua vida criminal.
Devem ser monitorados por aqui - o que fazem os serviços britânicos - a pequena minoria dos "revindos da Síria" cujo comportamento trairá um preparativo da jihad para a Europa. Algumas dezenas de pessoas, e não milhares como alegado pelas mídia. Então, microcirurgia e sobretudo nenhuma “pesca de arrasto”.
Texto publicado pelo professor Xavier Raufer, titular do Departamento de Pesquisas em Análise Criminal Contemporânea da Universidade Pantheon-Assas – Paris II, em junho de 2014 na Revista On Line Boulevard Voltaire (http://www.bvoltaire.fr).
*Traduzido por Marcelo Pasqualetti, diplomado em Análise de Ameaças Criminais Contemporaneas pela Universidade Pantheon-Assas – Paris II, em junho de 2014
[1] NA: O sistema de inteligência francês separa a inteligência externa (realizada em outros países) da inteligência interna (França e territórios ultra-mares)
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