Em mais um ato impensado de repressão ao terrorismo que ofende valores e símbolos religiosos, cometido por aqueles que confundem a radicalização e o extremismo com a religião, uma conduta gerou um prejuízo incalculável as Forças da OTAN no Afeganistão, podendo ainda reverberar por outros lugares no mundo: a queima de diversos documentos islâmicos, incluindo cópias do Alcorão, o livro sagrado do Islã.
Um oficial teria dito que os materiais foram retirados da biblioteca do centro de detenção porque continham “inscrições extremistas” e aparentemente “estes documentos estavam sendo usados para facilitar a comunicação entre extremistas”.
Muito importante é destacarmos o significado dos termos “radicalização” e “extremismo”:
A RADICALIZAÇÃO pode ser definida como o processo (ou processos), por onde indivíduos ou grupos possam vir a aprovar e (finalmente) utilizar a violência para fins políticos. Alguns autores citam a “radicalização violenta” a fim de enfatizar a distinção de outras formas do pensamento radical, mas não violento.
O termo EXTREMISMO pode ser usado para se referir a ideologias políticas que se opõem a valores de uma sociedade e seus princípios fundamentais. Dentro do contexto liberal em que vivemos, o termo poderia ser aplicado a qualquer ideologia que defende supremacia racial ou religiosa, ou que se opõe aos princípios fundamentais da democracia e direitos humanos universais. O termo também pode ser usado para descrever os métodos através dos quais os atores políticos tentam realizar seus objetivos, usando meios que “mostram o desprezo pela vida, liberdade e direitos humanos dos outros”.
Bastava a substituição do suposto material"contaminado" ou o seu arquivamento, visto que, se realmente continham dados de comunicação entre detentos deveriam servir de prova. Qual será o prejuízo final causado dentro da difícil relação entre ocidentais e islâmicos? Dois soldados da OTAN já foram mortos por um homem que usava uniforme do Exército Afegão. Os próprios aliados no país estão insatisfeitos com o ocorrido, e quem saiu fortalecido com o episódio foi o Movimento Taliban.
Ainda segundo como tratar o Alcorão, a popular Wikipédia relata (nas versões em inglês e português):Uma vez que os muçulmanos tratam o livro com reverência, consequentemente é proibido reciclar, reimprimir ou deitar cópias velhas do Alcorão para o lixo. Como solução alternativa, os volumes do Alcorão devem ser enterrados ou queimados de uma maneira respeitosa. É considerado um pecado gravíssimo modificar, cortar, excluir ou adicionar as palavras do Alcorão. Também é considerado pecado vender este livro.
Hoje o Islamismo é a segunda maior religião professada no mundo, com quase dois bilhões de fiéis, e apresenta um constante crescimento no número de seguidores. Jamais um símbolo sagrado pode ser maculado, ainda mais sob a motivação de combate a extremistas, que lutam para instaurar a sharia (lei islâmica) em substituição às leis vigentes e implantar o Califado Global, perpetrando inclusive atentados que vitimam os seus semelhantes, e que representam uma parcela ínfima de um todo.
Carlos Albuquerque - 23/02/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário