Saif al-Adel está na lista dos mais procurados EUA com uma recompensa de US $ 5 milhões (£ 3.1m) pela sua captura
As autoridades de segurança do Egito aparentemente registraram mais um vexame em sua história nesta quarta-feira (29), com a “ajuda” do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. Inicialmente, a TV estatal do Egito, citando fontes do aparato nacional de segurança, anunciou a prisão de Saif al-Adel, membro do círculo principal da rede terrorista Al-Qaeda e ex-chefe de segurança da Osama bin Laden. Horas depois, voltou atrás e disse que o homem detido não era Saif al-Adel, mas sim Mohamed Ibrahim Makkawi, cujo nome foi listado pelo FBI, aparentemente de forma errada, como um dos codinomes do verdadeiro Al-Adel.
Makkawi foi preso nesta quarta-feira ao chegar ao Cairo em um voo da companhia aérea Emirates que deixou o Paquistão e fez escala nos Emirados Árabes Unidos. Identificado com seu nome real, foi preso sob suspeita de ser Saif al-Adel, homem procurado por participar dos ataques contra as embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia e no Quênia, em 1998, e pelo qual o FBI oferece recompensa de US$ 5 milhões. Após interrogar o homem detido, as forças de segurança do Egito entenderam que Saif al-Adel e Mohamed Ibrahim Makkawi não são a mesma pessoa, como conta a rede de TV Al-Arabyia.
“Ele é procurado por envolvimento com o [grupo] Jihad Islâmica. Ele não é Saif al-Adel”, disse uma fonte do aparato nacional de Segurança. (…) A fonte disse que o homem, Mohamed Ibrahim Makkawi, foi para o Afeganistão se juntar à luta contra as tropas soviéticas nos anos 1980 e depois se estabeleceu no Paquistão. Makkawi disse a repórteres no aeroporto que voltou ao Egito para limpar seu nome. “Decidi retornar ao Egito para viver em paz, sem fazer acordo com as autoridades do Egito e confirmar minha inocência em todas as acusações direcionadas a mim”, disse. |
O FBI mantém o nome de Makkawi como codinome de Al-Adel e as autoridades egípcias fizeram a confusão nesta quarta, mas especialistas em contra-terrorismo veem como cristalino o fato de Makkawi e Al-Adel serem pessoas diferentes. Noman Benotman, um ex-jihadista líbio e hoje analista da Fundação Quilliam, disse que encontrou os dois homens e que eles não são a mesma pessoa. Mohamed Abdel Rahman, outro ex-jihadista, disse à rede de TV CNN que também conhece os dois. Leah Farrall, ex-analista de contraterrorismo da Polícia Federal da Austrália, escreveu no Twitter imediatamente após a prisão que eles não eram a mesma pessoa e que Saif al-Adel continua no Irã. O conceituado site Jihadica escreveu em maio que “é surpreendente” o fato de a confusão de identidade entre os dois permanecer. Também em maio, o jornal pan-árabe Asharq Al-Awsat publicou longa reportagem sobre Makkawi, na qual ele lamentava a confusão feita pela Inteligência americana.
Leia mais:
Na reportagem do Al-Awsat, o jornal estabelece que a confusão pode se dever ao fato de que tanto Al-Adel quanto Makkawi eram oficiais do Exército do Egito que deserdaram para viajar ao Afeganistão para lutar contra a invasão realizada pela União Soviética. Ambos se juntaram à Jihad Islâmica, grupo formado pelo também egípcio Ayman al-Zawahiri, que mais tarde se fundiu à Al-Qaeda de Bin Laden (que também lutava no Afeganistão) e que desde a morte do saudita lidera o grupo terrorista. De acordo com a reportagem, Makkawi teria abandonado a luta islâmica e se tornado um crítico das práticas de Bin Laden.
Segundo a BBC, Makkawi é procurado no Egito pelas supostas ações terroristas que teria cometido no país enquanto era militante da Jihad Islâmica. Aparentemente, sua expectativa é aproveitar os efeitos da Primavera Árabe no Egito e ser anistiado pelo governo local.
Foto: Reprodução
José Antonio Lima(Blog O Filtro)
Doubts over Cairo militant arrest
Nenhum comentário:
Postar um comentário