Por Lamine Chikhi
ARGEL, 18 Jan (Reuters) - Pelo menos 22 reféns estrangeiros continuavam desaparecidos, nesta sexta-feira, depois que forças argelinas invadiram um complexo de gás no Saara e libertaram centenas de trabalhadores que haviam sido sequestrados por militantes islâmicos, numa operação que também causou a morte de dezenas de reféns.
Enquanto líderes ocidentais clamam por detalhes da ação argelina de quinta-feira, sobre a qual dizem não ter sido consultados, uma fonte local disse que a planta de gás continua sitiada por militares, com alguns reféns no interior.
Trinta deles, incluindo alguns ocidentais, foram mortos durante o ataque de quinta-feira, junto com pelo menos 11 sequestradores, que disseram ter invadido o local numa retaliação pela intervenção militar francesa contra militantes islâmicos do vizinho Mali.
Na manhã de sexta-feira, ainda havia 14 japoneses e 8 noruegueses desaparecidos, segundo suas respectivas empresas. Um engenheiro irlandês que sobreviveu à ação disse ter visto quatro jipes cheios de reféns serem explodidos pelos militares. Comandantes argelinos afirmaram que decidiram agir, após cerca de 30 horas de cerco, porque os militantes exigiam levar os reféns para o exterior.
A fonte que falou à Reuters disse que entre os pelo menos sete estrangeiros mortos há dois japoneses, dois britânicos e um francês. As nacionalidades dos demais, e de dezenas que podem ter escapado, não está clara. Cerca de 600 trabalhadores argelinos, que estavam sob vigilância menos intensa, sobreviveram.
Uma fonte diplomática britânica disse não haver informações que indiquem o fim do cerco. "A situação ainda está realmente fluida no terreno. Não temos informação das autoridades argelinas de que teria acabado."
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, abreviou uma visita ao Sudeste Asiático, sua primeira viagem oficial desde que assumiu o cargo, para acompanhar a crise, segundo um porta-voz. O chefe de gabinete do governo, Yoshihide Suga, disse que "a ação das forças argelinas foi lamentável".
MAIS ATAQUES
Os governos dos EUA, Romênia e Áustria também disseram que cidadãos seus foram sequestrados pelo grupo que se intitula "Batalhão de Sangue", e que exige o fim da ofensiva militar iniciada há uma semana pela França no Mali.
O grupo, ligado à Al Qaeda, prometeu realizar mais operações e alertou os cidadão argelinos a "ficarem longe de
instalação de companhias estrangeiras, uma vez que vamos atacar onde é menos esperado", disse a agência de notícias da Mauritânia ANI, que tem contatos próximos com o grupo, citando um porta-voz da organização.
Reforçando a tese de líderes africanos e ocidentais que veem uma insurgência islâmica multinacional no Saara, a fonte oficial disse que apenas 2 dos 11 militantes mortos eram argelinos, inclusive o líder do esquadrão.
Foram encontrados os corpos de três egípcios, dois tunisianos, dois líbios, um malinês e um francês -- todos apontados como sequestradores, segundo a fonte.
O grupo dizia ter dezenas de guerrilheiros no local, e não ficou claro se algum deles conseguiu escapar.
(Reportagem adicional de Ali Abdelatti, no Cairo; Eamonn Mallie, em Belfast; Gwladys Fouche, em Oslo; Mohammed Abbas, em Londres; e Padraic Halpin e Conor Humprhies, em Dublin)
Nenhum comentário:
Postar um comentário