Autoridades admitem que explosão em estação de comboio terá sido provocada por uma "viúva negra". Segurança reforçada a seis semanas dos Jogos Olímpicos de Inverno.
Faltam seis semanas para o início dos Jogos Olímpicos de
Inverno, em Sochi, e a explosão que neste domingo matou 17 pessoas na estação
de comboio de Volgogrado, no Sul da Rússia, terá feito soar todos os alarmes no
Kremlin. As autoridades russas atribuem o atentado, o pior em quase dois anos
fora do Cáucaso Norte, aos extremistas islâmicos activos na região e que
prometeram manchar a competição com que Vladimir Putin quer mostrar ao mundo o
rosto da nova Rússia.
Pouco depois do atentado,
às 12h45 locais (8h45 em Portugal), o Presidente russo ordenou aos serviços
federais que pusessem em marcha “todas as medidas necessárias para estabelecer
as causas e as circunstâncias” do atentado e para “garantir a segurança” na
região. A polícia federal respondeu com um reforço do patrulhamento e da
vigilância nas estações de comboio e aeroporto – muito frequentadas nesta
altura do ano – e em Volgogrado o governo regional elevou o nível de alerta
terrorista para “amarelo”, o segundo mais alto da escala.
“A explosão foi tão forte
que todos os que ali estavam pensavam que se tinha despenhado um avião”, disse
à televisão Russia Today a filha de uma testemunha. Imagens captadas por uma
câmara de segurança no exterior mostram uma bola de fogo a encher o hall da estação e fumo a
elevar-se instantes depois através das janelas partidas. A bomba teria uma
potência equivalente a dez quilos de TNT, com fragmentos de metal que a
tornaram ainda mais mortífera. Dos 37 feridos confirmados, oito estão em estado
crítico, entre eles uma menina de nove anos.
A comissão que lidera as investigações adiantou que uma mulher –
identificada como Oksana Aslanova, de 26 anos – detonou os explosivos junto ao
detector de metais colocado na entrada principal da gare, aparentemente quando
agentes da polícia se aproximavam dela. O objectivo, admitem os investigadores,
poderia ser o interior da gare ou o comboio que chegaria daí pouco vindo de
Moscovo. Duas fontes da segurança russa disseram, no entanto, à agência
Interfax que um homem, cujo corpo foi recuperado do local, poderá ter estado
envolvido na acção ou ser mesmo o autor da explosão.
O site Life News, com
ligações aos serviços de segurança, adiantou que Aslanova seria uma “viúva
negra”, nome dado às suicidas com ligações a extremistas que foram responsáveis
por inúmeros atentados suicidas nos últimos anos. Aslanova teria sido casada
por duas vezes com radicais islâmicos, ambos mortos pelas forças de segurança
russa.
Segundo a mesma fonte,
viveu até há pouco tempo no Daguestão, república autónoma vizinha da
Tchetchénia onde são mais activos os grupos que nasceram do movimento
separatista e lutam agora criação de um estado islâmico no Cáucaso Norte.
Estaria há vários meses na mira de Moscovo e seria amiga da mulher que, a 21 de Outubro, se fez explodir num
autocarro também em Volgogrado, matando seis pessoas. A polícia diz
estar a investigar a possibilidade de existir uma célula activa na cidade,
metrópole de um milhão de pessoas que em 2018 será um dos palcos do Mundial de
Futebol.
O atentado foi de imediato
associado aos Jogos Olímpicos de Inverno, que arrancam a 7 de Fevereiro
em Sochi, estância
balnear 690 km a noroeste de Volvogrado, e que Putin quer que sejam uma mostra
do ressurgimento da Rússia após o colapso da URSS, em 1991. Um alvo mais do que
apetecível para os extremistas: em Julho Doku Umarov, o autoproclamado emir do
Cáucaso, divulgou um vídeo em que instruía os militantes a usarem “a máxima
força” para impedir a realização dos Jogos. “A segurança foi reforçada há muito
em Sochi por isso os terroristas vão atacar em cidades próximas”, disse à
Reuters Alexei Filatov, antigo membro da força de elite antiterrorista Alfa,
sublinhando que “são previsíveis mais ataques deste género”. Sexta-feira, um
carro armadilhado explodiu em Piatigorsk, 270 quilómetros a leste de Sochi,
matando três pessoas.
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