Ex-extremistas arrependidos e vítimas da violência e do terrorismo participam, a partir desta quarta-feira (25), de uma plataforma inovadora na internet para prevenir a radicalização dos jovens, com o objetivo de compartilhar experiências e apoio, do Paquistão a El Salvador e da Indonésia a Los Angeles.
A rede AVE (Contra o Extremismo Violento, na sigla em inglês) foi apresentada em Nova York por um consórcio de empresas e organizações, entre elas o Instituto para o Diálogo Estratégico, o Google Ideas e a fundação Gen Next, com a participação de pessoas que já cometeram atos desse tipo e mudaram de comportamento, além de vítimas.
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Página da rede Against Violent Extremism |
"O objetivo é criar um movimento global contra o extremismo", disse Sasha Havlicek, diretora do Instituto para o Diálogo Estratégico com sede em Londres, presente ao lançamento da plataforma AVE nos escritórios do Google, em Manhattan.
Para Robert Orell, que participou dos movimentos extremistas suecos e agora dirige a ONG Exit Sweden, que trabalha para tirar jovens do ambiente neonazista em seu país, "é importante conectar-se com pessoas em todo o mundo" para atacar esse problema.
A ideia surgiu em meados do ano passado, numa reunião de cúpula contra o extremismo violento organizada em Dublin pelo Google Ideas e da qual participaram ex-extremistas e membros de grupos violentos, vítimas e ativistas e organizações que lutam contra a radicalização.
"Ficamos surpreendidos com o número de pessoas que querem colaborar", explicou Yasmin Dolatabadi, do Google Ideas, ao recordar a origem da plataforma, que aspira a ter 500 membros dentro de um ano e mais de mil em dois.
A iniciativa propõe, por exemplo, que "um ex-extremista do Paquistão possa discutir como combater o terrorismo com um ex-membro de uma gangue em El Salvador".
"A rede está baseada na crença de que há lições que podem ser ensinadas entre grupos que combatem diferentes formas de extremismo, desde o islamismo até os movimentos racistas brancos. Por exemplo, a experiência demonstra que as medidas práticas exigidas para ajudar um indivíduo que abandona um desses grupos são semelhantes", segundo os organizadores.
A plataforma já tem mais de 400 conexões e inclui 49 ex-extremistas ou membros de grupos violentos, 18 sobreviventes e 20 projetos.
Entre os exemplos de projetos apresentados nesta quarta-feira está um lançado pelo Tribeca Film Institute de Nova York com a ONG Southern California Crossroads para criar um curso de informática numa escola de Lennox, uma cidade humilde perto de Los Angeles (oeste dos Estados Unidos).
Lennox é composta por 93% de imigrantes latinos, dos quais 31,5% vivem abaixo da pobreza, e considerada pela imprensa americana "a capital do recrutamento de gangues nos Estados Unidos".
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